SEMIÓTICA HQ´S
Dorian no início da história tem os olhos mais arredondados e arregalados, para representar a forma original do livro, onde mostra o processo de Gray, um rapaz ingênua e puro. Com a influência de Harry, o protagonista passa a perder todas suas qualidades do início, e tendo como substitutas a arrogância e a prepotência. Essa desvirtuação de valores, começa a ser retratado no formato do mesmo. O protagonista vai ganhando formas semelhantes à Harry, cabeça erguida e passa a perder seus olhos doces.
As cores que mais sobressaem no quadrinho são; verde, verde-agua, roxo, preto e tons de azul escuro. Por se tratar de uma obra gótica, em que mistura terror e suspense, esses aspectos de cores são empregados para dar tons sombrios e melancólicos. Destaco algumas passagens para comprovar que essas cores se encaixam perfeitamente na narrativa do episódio.
Nesse trecho em que Gray é encurralado, o tom preto em seu rosto, propõe o efeito de sombra nos primeiros quadros escondendo seu rosto sustentando o suspense, para revelar a sua juventude no quarto quadro, e assim escapando e colocando em dúvida o outro personagem, que o perseguia em busca de vingança. As linhas retas se encaixam também nos formatos dos balões de falas e nas caligrafias em itálicos. As crises de consciência de Dorian, é retrada de maneiras assombrosas.
O elemento que rotula o livro como fantástico é do fato que toda aparência do personagem se mantenha jovem, e o quadro que sofre o efeito do envelhecimento, com isso, um grande feito do cartunista, foi retratar a diacronia do quadro na ponta de todas as páginas a direita, isso causa uma grande movimento nos quadros, mostrando a transformação do personagem, acrescentando ainda mais encanto na leitura.
O autor de quadrinhos francês Stanislas Gros, nasceu em 13 de maio de 1974. A HQ reúne as principais passagens do livro e deixa a leitura leve tanto para quem conhece como para quem nunca leu a obra original.
A trama, trata-se de uma variante do mito de Fausto. O jovem Dorian Gray, belíssimo, rico e aristocrata, apaixona-se de forma doentia pelo próprio retrato, pintado pelo amigo e protetor Basil Hallward.
A paixão transforma-se em ciúme da própria imagem e Gray deseja do fundo do coração que ela passa sofrer em seu lugar não só a passagem do tempo, mas também todas vicissitudes causadas por seus desvios de caráter.
Enquanto Gray mantém a aparência jovem e inocente, o quadro – escondido no sótão de sua mansão, longe da vista de todos – reflete a verdadeira podridão de sua alma. Ainda mais depois que Gray torna-se discípulo do hedonista Lorde Henry Wotton e decide tomar da vida todos os prazeres que ela tem para oferecer.